O sucesso do
kitkat é algo que realmente me deixa perplexo. Todo mundo ama
kitkat, e se você for analisar, trata-se apenas de uma bolacha wafer coberta com chocolate (claro que existem infinitas variações, mas tô falando do clássico!). O fenômeno
kitkat é, declaradamente, algo instigante. No Brasil, a situação é um pouco pior. Por ele não ser fabricado aqui, vejo milhares de pessoas, ao voltarem de viagem, pagarem excesso de bagagem por conta de empanzinarem suas malas com
kitkat! Teorizo que isso é um código, uma forma de dizer que andou viajando para fora do Brasil. Para não te acharem metido ao falar que esteve na europa no último verão, talvez seja mais simpático dizer algo do tipo:
"Bah, nem sabe, comi um kitkat fevereiro passado, como é bom...". O fato é que nunca trouxe um
kitkat de viagem (e nem pretendo), pois para mim, ele segue sendo uma bolacha wafer coberta com chocolate (tá, admito que comi um de caramelo que era tri bom, mas enfim, ele está longe de ser o melhor chocolate do mundo e não merece dividir espaço com as minhas camisetas, na minha mala.)
Acredito que a magia do kitkat esteja em ele não estar disponível! Você não pode comprá-lo a hora que bem entender. Não vão te oferecer um kitkat de troco numa loja de conveniência, tão pouco na bomboniere do cinema...Por conta disso, por não estar disponível no nosso cotidiano, quando as pessoas viajam, elas se esbaldam nos kitkats, talvez elas nem gostem tanto dele (afinal, é uma bolacha wafer coberta com chocolate), mas elas tem ao seu alcance algo que não faz parte do seu dia-a-dia...e às vezes, valorizamos as coisas somente depois que elas se tornam indisponíveis...
Vou dar o meu exemplo, vou falar do meu kitkat...mas antes tenho que falar do meu chocolate preferido, que é o sonho de valsa, sem dúvida alguma...Como este bombom em camadas, lentamente, é muito bom... Anos atrás, em uma viagem à fronteira, meu pai me trouxe um creme. Quando fui prová-lo, descobri tratar-se do recheio do sonho de valsa! Fui à loucura, vibrei sozinho, e evidentemente, degustei o pote num piscar de olhos. Este sacrilégio guloseimico chama-se crema de bon o bon e, evidentemente, não é fabricado no Brasil. Desde então, sempre que visito os países platinos, procuro-o nos supermercados, e trago vários para casa, pois eles são dignos de dividirem espaço com as minhas camisetas... Só que analisando matematicamente, me dei conta que nos últimos anos, devo ter comido, em quantidade, muito mais o crema de bon o bon do que o sonho de valsa original. E isso não se deu porque eu viajo muito para Buenos Aires e sim, porque o sonho de valsa está sempre disponível, e o crema não. Isso faz com que um dos meus motivos numa viagem, seja o de encontrar um supermercado que venda-o, ao passo que o sonho de valsa, está sempre aí, e refletindo, vejo que ultimamente só tenho comido sonho de valsa quando as sobremesas dos locais que almoço não estão atrativas. E isso é um absurdo, só como meu chocolate preferido quando o pudim de leite do restaurante não é o bicho! Enfim, o fato do bombom estar disponível, por poder tê-lo a hora que desejar, faz com que eu acabe não tendo-o nunca e isso é uma heresia muito irônica... Agora eu sei, que se o sonho de valsa fosse extinto do varejo, eu iria enlouquecer, e me arrepender por não ter comido mais sonhos de valsa na minha vida, e acabo concluindo que muitas vezes queremos demais uma coisa depois que ela se torna indisponível, e daí, pode ser tarde demais....Então, eu vou postar este texto e ir correndo no boteco aqui do lado de casa comprar um sonho de valsa. Vou comê-lo em camadas, bem devagar, pois talvez, nem tudo na vida fique disponível para sempre, e se um dia não existir mais sonhos de valsa nas bombonierers dos cinemas, ficarei mais aliviado de tê-lo degustado não apenas quando sagu era a sobremesa do almoço...
o "meu" kitkat, muito melhor que bolacha wafer coberta com chocolate....
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