segunda-feira, 25 de abril de 2011

Não chegar. Ir.

A vida não é feita de contínuos, ela ocorre em ciclos, as coisas têm prazo de validade, elas começam e terminam.... E como saber se o agora é a melhor fase de nossas vidas? Não sabemos. Na verdade não existe uma “melhor” fase na vida, existe aquela onde tu aproveitas mais, não de maneira leviana, mas sim quando tu vives de maneira intensa, levemente hedônica, mas também responsável, quando tu fazes as coisas que te deixam felizes. E observe que eu não estou dizendo que a melhor fase da vida é aquela que tu faz o que quer, mas sim, que fazes o que te deixa feliz, pois acredite, fazer o que quer e o que te deixa feliz são coisas bem diferentes.... O grande problema da vida adulta é que passamos a nos preocupar com coisas demais, muito com os outros, com as aparências, com um moralismo hipócrita. Abrimos mão daquilo que nos fazem felizes, seja por medo, por se acomodar, ou por qualquer outra razão. Às vezes abdicamos de nossa felicidade com medo de magoar os outros, mas isso não tá certo. Não basta não fazer as outras pessoas tristes, devemos fazê-las felizes.....

...e é disso que eu quero falar, em ser feliz... e para tanto, você tem que perceber que “O mais importante na vida não é chegar, é ir”...muitas vezes ficamos muito tempo das nossas vidas traçando metas, planejando, pensando onde queremos chegar...e esquecemos de partir, de ir....é válido planejar, afinal, não podemos ser inconseqüentes, mas o importante é ir, pois na viagem, no meio do caminho se vai vivenciando o mundo, ganhando bagagem cultural, experiência de vida...a pessoa cresce intelectualmente, e certamente suas idéias mudam, suas vontades, seus anseios mudam. E o “aonde” você quer chegar é apenas um detalhe. Afinal a existência precede a essência, tu só vais construir tua identidade depois que viveres, depois de experimentares a vida...Mas só com o “ir” isso é possível, se vc ficar no plano teórico, não chegará a lugar nenhum, pois talvez tenha medo de partir...e daí, quando te deres conta, a vida já passou e verás que foram poucos os momentos de frio na barriga e pernas bambas que tu experimentaste....e daí, pode ser tarde demais...Então eu digo, parta, mesmo que vc não sabia muito bem aonde quer chegar, às vezes o importante não é saber aonde se quer chegar, mas saber aonde vc não quer ficar.... durante a caminhada, as coisas vão se ajeitando, vc vai traçando seu próprio percurso e nota que não existe um ponto de chegada final, um fim da linha, apenas uma próxima parada....vá, vá de pequenas em pequenas paradas... Não deixe que suas escolhas de anos, décadas atrás, lhe travem seu futuro, lhe engessem, pois vc cresceu, vc mudou, e talvez, o que vc achava que era o que vc queria no passado, não lhe serve mais no presente, ou para o futuro....escolhas nunca são para sempre, elas não são atemporais...A vida é assim, ela é feita de ciclos, uns se acabam, outros começam, aceite isso, pois só assim vc vai ser feliz e no fim é isso que importa...não tenha uma vida monocromática.... não se preocupe em chegar, se preocupe em ir, e nesta ida, vá vivendo cada momento intensamente, e verás que o importante nunca é a chegada, mas sim a jornada.....afinal, o que realmente interessa nessa vida é ser feliz e a felicidade não é uma estação de chegada, mas sim, um modo de viajar.....

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Levar para a praia

Somos saudosistas por natureza. Temos dificuldades em aceitar que algumas coisas não nos são mais úteis, não nos agradam mais, que saíram de moda. Como não conseguimos “passar adiante” usamos a clássica: “Vou levar para praia”, como solução!

Se a geladeira não está mais gelando, compramos uma nova e mandamos a velha para a praia, afinal, lá podemos beber uma bebida quente, pois nem faz muito calor no período que mais utilizamos a casa da praia! Se o colchão não dá mais, de tão velho que ele está já afundou no formato do teu corpo, compramos um king size novinho com tecnologia da NASA e despachamos o velho para o litoral. Qual o problema de dormir mal acomodado? Afinal: “Praia é praia!”. Só que às vezes nos apegamos tanto a algumas coisas que não conseguimos nos “livrar” delas rapidamente, Elas podem estar obsoletas, não nos servirem mais, mas acabamos nutrindo um certo sentimento de carinho por elas, afinal, elas nos acompanharam por muito tempo na vida, então, tentamos diminuir gradualmente seu nível de importância. Vamos postergando. Nos afastamos em doses homeopáticas, primeiro fazendo elas irem para praia, longe do nosso olhar diário. Assim, elas vão caindo no esquecimento, até que definitivamente perdem a sua importância.

Talvez seja por isso que guardamos tanta tralha conosco... Seja um pedaço de papel, um ingresso de show, um ticket de embarque... Acho que as pessoas tem medo de esquecer. De esquecer o que viveram, os bons momentos que já passaram na vida... Às vezes nos preocupamos muito mais em não esquecer o que vivemos de bom no passado ao invés de tentarmos viver coisas boas no presente. Mas a verdade é que as boas lembranças elas ficam no coração e que bons momentos do passado eles ficam lá, no passado. Eles são difíceis de serem revividos da mesma maneira, na mesma intensidade, no presente, pois não somos mais os mesmos de anos atrás, o mundo não é mais o mesmo de anos atrás.... Certamente na tua vida, você ainda terá muitos outros momentos inesquecíveis, que não serão melhores nem piores que os que já experimentaste, eles serão diferentes, eles podem ser hedônicos, alegres, e talvez te dêem motivos para querer guardar outros pedaços de papéis, outros ingressos de shows, outros cartões de embarque.... mas para isso acontecer, você tem que dar chance...

sexta-feira, 18 de março de 2011

No escurinho do cinema

Independente de você ser tímido ou não, entrar numa sala de cinema é uma sensação muito desconfortável... Não pela meia-luz ou pela trilha sonora de consultório dentário num volume moderado, mas sim pela impressão de que todos te observam enquanto tu escolhes um lugar... É quase aquela sensação de ter ido à escola apenas com roupa íntima (ou vais dizer que nunca acordaste em pânico, no meio da noite, com um sonho desses?)...

Aqueles cinemas nos quais a entrada é próxima à tela são os piores... Tu entras e sabe que todas aquelas fileiras lomba acima te esperam... Por ti, sentavas já na primeira fila e ficava por lá, quietinho, esperando o filme começar, mas sabes que a visão e a posterior dor no pescoço são horríveis... Você está lá, vulnerável aos olhares, tento que subir as escadas... E as pessoas sentadas, no escuro, na espreita, de tocaia, te observando... Para piorar, além de pisar, degrau a degrau, num local com pouca iluminação, deves te concentrar em segurar a pipoca e o refrigerante e ainda olhar para cima para encontrar uma poltrona vaga num lugar no meio da sala...pode ser perseguição, talvez beire uma teoria conspiratória ou uma pitada de insanidade, mas parece que as pessoas estão lá, todas, torcendo para que tu tropece e aquela pipoca voe para todos os lados... Ademais, este comportamento é contagioso, basta tu estar bem acomodado, colocar o celular no silencioso, que tu começas a olhar para todos que entram na sala também... Agora, por quê? Por que ficamos olhando todo mundo que chega ao cinema??

Penso que a pessoa que inventou a numeração de lugares no cinema, a fez motivada justamente por este tipo de fobia... Só que isso é muito pior, pois você tem que encontrar, no escuro, justamente AQUELE lugar, e não um outro qualquer que talvez te agrade mais, onde tu poderias sentar e murchar na poltrona e; ainda com a respiração ofegante, experimentaria àquela sensação de alívio. Durante o trailer tu terias tempo para te recompor e degustaria a pipoca durante todo o filme, pois estaria tranquilo por encontrar um lugar a salvo rapidamente. Mas não!! Por causa desta infeliz ideia de lugar marcado você continua subindo, degrau a degrau, no escurinho,em busca do maldito assento L27. Se fosse só isso, mas o ônus do lugar marcado é muito maior. Ele tirou todo o glamour de chegar cedo e esperar na fila. Aquela tensão se tu vais ou não encontrar um lugar bom, se vai ou não ter dois lugares lado-a-lado foi pelos ares... Sem contar que escolher uma poltrona olhando para uma tela de computador não se compara à destreza necessária para avaliar, in loco, a distância tela-lugar vago e poder ponderar se o lugar te permitirá um bom desfrute da película cinematográfica...

Enfim, já acabaram com os cinemas de bairro, estão acabando com as poltronas desnumeráveis, só espero que não terminem com as pipocas com manteiga e com as entradas pela parte superior do cinema, porque aquela subidinha no escuro, mata....