domingo, 29 de agosto de 2010

Cotidiano: Berlim


É meio complicado pensar que até algumas décadas atrás a capital alemã era cortada por toneladas de concreto e ferro, uma vez que não se nota nenhum tipo de divisão entre o pessoal de lá. Pelo contrário, o povo vive em harmonia total, como se o muro nunca tivesse existido. Além disso, aquela imagem de hostilidade e frieza que eu imaginava dos alemães, não se concretizou nos dias que passei por lá... Porém, basta você caminhar um pouco pelas ruas, sem se preocupar em cumprir todos os pontos turísticos que seu guia de viagem indica que os resquícios da cortina de ferro vão aparecendo... e você não precisa estar perambulando pela East Side Gallery para isso acontecer. Ao dobrar uma esquina ou atravessar uma avenida, você pode deparar-se com um vestígio da guerra fria.
Após a queda do muro, as coisas do lado oriental foram renegadas. Porém, passados vinte anos, o que se vê é um resgate desta cultura... Sejam nos apetrechos soviéticos vendidos pelos ambulantes ou nas lojinhas espalhadas ao longo da Unter den Linden que te oferecem "pedaços" do muro como souvenir. Tem o DDR Museum que retrata toda a cultura oriental. Lá você encontra revistas, carros, programas de TV e até uma réplica de uma típica casa alemã. Trata-se de um museu pequeno, mas imperdível, pois recria todo o cotidiano que ficava do outro lado do muro (sem contar que a lojinha do museu é bem legal...). A região de Prenzlauer Berg tem barzinhos descolados, e se você der sorte, podes até encontrar no cardápio a Roter Oktober, que era a cerveja preferida do exército vermelho (infelizmente eu não tive esta sorte, pois se tivesse cruzado com ela, traria a garrafa para casa com toda certeza, pois o rótulo é muito bacana). Tem a Ampelmann, uma lojinha com utensílios alusivos ao "homem da sinaleira" que se tornou ícone deste resgate à cultura oriental... Enfim, o dia-a-dia mostra uma Berlim unificada de verdade, e que não tenta apagar o seu passado, pelo contrário, tem feito disso, um atrativo turístico, o que é uma ironia, pois se faz do socialismo, capitalismo...
O muro passava por aqui...
Deixe seu chiclé aqui...
East Side Gallery...
...e um pedaço não "tão bem cuidado"...Ironia: Fazendo capitalismo em cima do socialismo...Herança russa...Pelas ruas, praças, metrôs...tem uns que se sentem tão à vontade que vão trabalhar de pantufa...

sábado, 21 de agosto de 2010

Segue tua senda de vitórias

Tendo um pai gremista e uma mãe colorada, sempre me questionaram como que acabei torcendo pelo time do Beira-Rio... Um dos meus avôs era colorado, o outro, nunca disse para que time torcia, se declarava melancia (admito que nunca entendi mto o porquê desta gíria, mas enfim, pensando bem, acho que nenhuma gíria tem muito sentido...) apesar de me recordar de uma fria noite de inverno em que assistimos juntos inter e flamengo pela TV... Tento lembrar da minha infância e não sei mto bem em que momento escolhi pelo time do povo... Quando joguei na escolhinha do inter, já era colorado (tá isso foi aos 8 anos, e durou só um ano, pois, definitivamente, não me dou bem com a bola. A grande lembrança desta época foi o fato de ter entrado em campo no intervalo de inter e santos...foram 15 minutos jogando no gramado do beira-rio, foi a glória, mesmo tratando-se de 40 pirralhos correndo atrás de uma bola...).
Acho que a única (ou última) tentativa do meu pai foi me levar num grêmio e portuguesa, mas já era tarde, o sangue que corria pelas minhas veias já era mais vermelho que o habitual... Meu coroa se conformou e me levava ao estádio para ver os jogos do colorado... Na adolescência já ia com amigos ao campo. Íamos e voltávamos em ônibus lotados, cantando musiquinhas para o motorista e o cobrador.... Quando tu és adolescente, tu encaras de tudo, até um inter e fluminense eu assisti na coréia...um amigo estava sem grana e o ingresso para ver apenas as pernas dos jogadores e gritar gol somente depois que todo estádio gritava, custava apenas 1 real...
Não sei se existe um motivo para ser colorado... talvez existam vários... ele é o time do povo, sua torcida é apaixonante. O único clube a ser campeão brasileiro invicto. O Falcão jogou por aqui... Teve o gre-nal do século, os 5 x 2 com o fabiano, que depois incorporou o sobrenome de cachaça... Já ganhamos do Boca, do Estudiantes e de qualquer outro argentino que se meta no nosso caminho...sempre tivemos a soberania regional, fomos campeões da libertadores, do mundial (em cima do Barcelona de Ronaldinho e cia), da recopa, da sul-americana. Agora, da libertadores de novo, enfim, um clube que é mortal, e mesmo assim é campeão de tudo e mais um pouco...um clube que cada vez mais faz jus ao nome...
Um time que emociona, que traz muito mais alegrias que decepções, talvez não se trate mais de um clube, talvez não seja uma paixão, acho que o colorado é uma religião.... Sua camisa é linda (não parece um bananas de pijamas), aliás, deixou de ser uma camisa vermelha faz tempo, hoje em dia, é um manto sagrado... Colorado é emoção, trago, amor e paixão...
Sempre jogamos a primeira divisão! Qual outro clube tem a melhor versão para uma música dos mamonas assassinas? Colorados são apaixonados por este clube! O Beira-rio é nossa segunda casa, ser do lado vermelho, é motivo de orgulho, pintar a américa de vermelho, o mundo de vermelho, é uma experiência inesquecível....
Enfim, não existe um motivo para ser colorado, existem infinitos, mas se você for pensar bem, para que ter motivos para optar por esse time? você não precisa de motivos, afinal, esta é a escolha óbvia para quem tem sã consciência...
Obrigado Inter, por mais este título!

domingo, 15 de agosto de 2010

Quem tem boca vai à Roma

A generalização parece estar intrínseca à personalidade humana...A etnia é um bom exemplo disso. Nos Estados Unidos, qualquer latino é tachado de mexicano, independente dele ser peruano, argentino, paramenho, cubano...Os negros são todos da África (tá bom, e do Brasil!). Isso é tão verdade que tem gente que acha que a Jamaica fica por lá!
Todo mulçumano carrega uma bomba e os orientais são todos japas, mesmo que tenham nascido na Coréia ou no Tibet... Ainda que toda grande metrópole tenha seu bairro chinês, seus frequentadores vieram, obrigatoriamente, da terra do Spectroman.
Paulistas são metidos, franceses são metidos, nova-iorquinos são metidos..argentinos, bom, são argentinos... Cariocas são malandros e na Bahia tem carnaval o ano todo, aliás, qualquer cara com menos de 1,60, cabeça chata e sorridente é nordestino e recebe o apelido de baiano, venha ele do Recife, de Natal ou até mesmo de Curitiba...
Professores de História são comunistas e PTistas, os de física são uns nerds sem vida social; nem no supermercado eles vão....
Médicos são arrogantes e advogados, quando morrerem, vão todos para o inferno... Todo político é corrupto e todo jogador de futebol não sabe conjugar os verbos corretamente (se bem que alguns não devem nem saber o que é um verbo, mas enfim...)
As gaúchas são as mais lindas (em tempo: isso não é uma generalização, e sim, uma constatação..) e os homens, bom, são todos iguais....
Se as generalizações estiverem corretas, a preocupação ao se ouvir um latido é desnecessária, pois, todo cão que ladra não morde e fique tranquilo, que se você tem boca, um dia chegará à Roma...

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A coca-cola nossa de cada dia

Sou de uma época que as propagandas de refrigerante eram boas e que ver os caminhões da coca iluminados no natal era algo mágico. A coca-cola, um ícone da juventude de décadas atrás, está banalizada. Hoje em dia, se bebe muito refrigerante. Mesmo com a discrepância de preços (afinal, uma lata de refri no shopping vale o mesmo que uma garrafa de 2 litros no supermercado), se bebe em demasia. Deve existir uma geração (seja ela a x, y ou z) que a única água que ingere é a do gelo derretido do copo de refrigerante.
Na minha infância as garrafas eram de vidro, todas de 1 litro. E este um litro, num almoço em família, sobrava, pois se bebia com parcimônia. Tanto é verdade que alguns mitos existiam. O mais fantástico deles (e sem nenhum embasamento científico) tratava-se de guardar a garrafa com uma colher enfiada no seu gargalo, sob a prerrogativa que desta forma o refri não perdia o gás! Buscar uma garrafa de refrigerante no armazém da esquina era um acontecimento que superava em muito o ato de ir no boteco para comprar um pão de quarto (ou um pão de meio), de tal forma que ele era carregado com todo cuidado, afinal a garrafa era de vidro. Por falar em pão, lembro-me de sempre querer o canto dele, pois se passava chimia (chimia sim, porque chamar chimia de geléia é coisa de burguês) de morango no meio e ela ficava como recheio...humm, adorava.. Mas isso também se perdeu, pois o cacetinho de hoje nada mais é do que o bico do pão de quarto! Hoje em dia, ninguém mais como pão francês em fatia...
Lembro-me também que quando ia-se ao supermercado o primeiro procedimento era entregar as garrafas vazias (chamadas carinhosamente de cascos) no setor de vasilhame. O funcionário lhe entregava um cupom com o número de garrafas recebidas. Ao passar no caixa, este número era conferido, uma vez que o refrigerante sem casco, custava mais caro.
O refrigerante era tão precioso que em festas infantis existia um item exclusivo para decorar a garrafa. Ela ficava lá, em cima da mesa com o seu apetrecho enfiado (e muitas vezes ela permanecia a festa toda na mesa, nem era degustada, servia tão somente como enfeite, principalmente se fosse garrafinha de 290 ml).
O advento da tampa em rosca foi um acontecimento marcante lá em casa. Nenhum aviso alertava da mudança do lacre e a primeira garrafa que chegou com aquela tampa esdrúxula foi motivo de reunião familiar. O abridor de garrafas não funcionara. Tentou-se um saca-rolhas, mas não se teve sucesso. A tampa foi depenada com o uso de uma faca. Apesar de todos os questionamentos, o refri foi degustado em uma temperatura deliciosa. Bastou chegar a noite e uma propaganda no intervalo do jornal nacional mostrava a novidade! O silêncio da família na frente da TV atestava os momentos de ignorância da hora do almoço....
Hoje em dia as propagandas estão sem graça, existem garrafas dos mais diversos volumes. Você não precisa entregar os cascos (muito menos guardar com todo cuidado a notinha do setor de vasilhame). Basta rosquear a tampa para abrir a garrafa, e as colheres perderam a função de conter o gás do refri. Se tem alguma coisa que ficou daquela época é o infindável questionamento do garçom no restaurante: "-Não temos coca, pode ser pepsi?"
Qualquer pessoa em sã consciência sabe que elas não são sinônimos, pois coca-cola é tudo aquilo que a pepsi gostaria de ser......
...apesar das propagandas da pepsi serem geralmente melhores que as das coca